Apresentamos alguns trechos da Mensagem do Papa Bento XVI aos participantes da 46ª Semana Social Italiana realizada em Reggio Calabria, na Região de Calábria, no sul da Italia. Muito atual é o chamado que o Santo Padre faz a que surja uma nova geração de católicos, pessoas interiormente renovadas, que se comprometam na atividade política sem complexos de inferioridade. Estas palavras também se dirigem a nós. Eis o convite.
"Afrontar os problemas atuais, tutelando ao mesmo tempo a vida humana desde sua concepção até seu fim natural, defendendo a dignidade da pessoa, salvaguardando o meio ambiente e promovendo a paz, não é tarefa fácil, mas tampouco impossível, se permanece firme a confiança nas capacidades do homem, se se engrandece o conceito de razão e de seu uso, e se cada um assume suas próprias responsabilidades. Seria, de fato, ilusório delegar a busca de soluções só às autoridades públicas: os sujeitos políticos, o mundo da empresa, as organizações sindicais, os atores sociais e todos os cidadãos enquanto indivíduos e de forma associada, estão chamados a amadurecer uma forte capacidade de análise, de amplitude de objetivos e de participação.
Mover-se segundo uma perspectiva de responsabilidade comporta a disponibilidade de sair da busca do próprio interesse exclusivo para perseguir, juntos, o bem do país e de toda a família humana. A Igreja, quando recorda o horizonte do bem comum - categoria fundamental de sua doutrina social - pretende referir-se ao “bem daquele nós-todos”, que “não é procurado por si mesmo, mas para as pessoas que fazem parte da comunidade social e que, só nela, podem realmente e com maior eficácia obter o próprio bem (Carta encíclica Caritas in Verite, n. 7). Em outras palavras, o bem comum é o que constrói e qualifica a cidade dos homens, o critério fundamental da vida social e política, o fim do atuar humano e do progresso; é “exigência de justiça e de caridade” (ibidem), promoção do respeito dos direitos dos indivíduos e dos povos, ademais de relações caracterizadas pela lógica do dom. Este encontra nos valores do cristianismo o “elemento útil e mesmo indispensável para a construção duma boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral” (ibidem, n. 4).
Por esta razão, renovo o chamamento a fim de que surja uma nova geração de católicos, pessoas interiormente renovadas que se comprometam na atividade política sem complexos de inferioridade. Esta presença, certamente, não se improvisa; é, melhor dizendo, o objetivo ao qual deve tender um caminho de formação intelectual e moral que, partindo das grandes verdades em torno de Deus, do homem e do mundo, ofereça critérios de juízo e princípios éticos para interpretar o bem de todos e de cada um... O compromisso sócio-político, com os recursos espirituais e as atitudes que requer, é uma vocação alta, à qual a igreja convida a responder com humildade e determinação.
... De resto, a esperança com a qual quereis construir o futuro do país não se resolve na ainda legítima aspiração a um futuro melhor. Nasce, sobretudo, a partir da convicção de que a história esta guiada pela Providência divina e tende a uma aurora que transcende os horizontes do atuar humano. Esta “esperança digna de confiança” tem o rosto de Cristo: no verbo de Deus feito homem cada um de nós encontra o valor do testemunho e da abnegação no serviço. Não falta, certamente, no maravilhoso rastro de luz que distingue a experiência de fé do povo italiano, a marca gloriosa de tantos santos e santas - sacerdotes, consagrados e leigos - que se consumiram pelo bem dos irmãos e que se comprometeram no campo social para promover condições mais justas e equitativas para todos, em primeiro lugar para os pobres.
... Os animo a sentirem-se à altura do desafio que foi colocado à sua frente: a Igreja católica tem uma herança de valores que não são coisa do passado, mas que constituem uma realidade muito viva e atual, capaz de oferecer uma orientação criativa para o futuro da Nação".