O Papa Bento XVI se posiciona pela defesa e promoção dos direitos humanos legítimos e critica alguns regimes políticos que, em nome do Estado laico, republicano, democrático adotam medidas contrárias à vida e à família. O Papa afirma ser totalmente falsa e ilusória a defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não importem numa enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38).
O ideal democrático só é verdadeiro quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana. Esse ideal não pode ser atraiçoado por projetos políticos que visam descriminalizar o aborto e a eutanásia, de forma velada ou explícita. O Papa refere-se aos nascituros e doentes em estado vegetativo ou terminal. Quem mais fraco e indefeso do que estes?
Bento XVI anima os bispos a não se intimidarem diante de situações desafiadoras que ameaçam os princípios e valores inerentes à dignidade humana. A Igreja não visa o poder político nem segue certos políticos que procuram agradar o povo para ganhar votos. Com coragem, quer agradem ou desagradem, os bispos esclareçam o povo sobre os valores humanos e cristãos, testemunhando a busca sincera e respeitosa do bem comum.
O Papa não poderia ser mais claro quando afirma que “não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo”. Para ajudar melhor os leigos a viverem seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é necessária uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Em determinadas ocasiões os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. Gaudium et Spes, 75).
O Papa cobra dos bispos que garantam o direito do ensino religioso confessional, opcional conforme a religião do aluno, e do direito do povo brasileiro ostentar símbolos religiosos nas repartições públicas. Um símbolo é lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história.
Uma sociedade sem Deus corre o risco de se tornar anárquica, comprometendo a moral e a ética. Deus deve encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política. (Caritas in veritate, 56). Confira o discurso do Papa do dia 28.10 pp., no site do vaticano: www.vatican.va
Dom Aldo di Cillo Pagotto é Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese da Paraíba.
João Pessoa, 29 de Novembro de 2010.