As denúncias são gravíssimas. De fato, com o reconhecimento do STF da constitucionalidade da união civil homossexual a instituição família sofre um duro golpe! Família tem a ver com afetividade, mas afetividade não faz uma família. Família é homem e mulher. É assim que uma família é feita.
É preconceituoso dizer que dois homens ou duas mulheres que fazem sexo entre si não podem ter direito a uma união civil só porque não são heterossexuais? Antes de respondermos é bom lembrar que nem todos os heterossexuais podem casar: um casal de irmãos heterossexuais não pode casar entre si; mãe e filho não podem casar um com o outro, ainda que sejam heterossexuais; pai e filha também não se casam. Preconceito? De forma alguma. Isso se dá por respeito a instituição família.
E é por respeito à essa instituição que a união entre pessoas do mesmo sexo não pode ser considerada família. Mas a agenda gay – que não se confunde com os homossexuais de verdade, mas tão só com homossexuais “idealizados” pelos mentores dessa agenda – tem como princípio atacar, diretamente, a família. E isso não é novidade… O filósofo alemão, Karl Marx, pai do socialismo científico, já pregava a destruição da família em nome da revolução cultural. Tanto para Marx quanto para os ideólogos da agenda gay a família é meramente uma invenção e não algo natural.
Para Marx trata-se de uma invenção “burguesa”. Para os ideólogos gays é uma invenção da “sexualidade normativa heterossexual” ou “heteronormatividade”, algo que a ideologia de gênero – pregada também por esses ideólogos – abomina. Para esse pessoal o ser humano não existe como um ser com natureza própria, mas é meramente uma construção! Assim, não apenas não existe “família”, como sequer existe homem ou mulher, é tudo uma construção social.
Ridículo? Diabólico. Esse pensamento de “construção social” que desconsidera qualquer possibilidade da existência de uma natueza humana é, claramente, a base para legalização da pedofilia, do incesto, do infanticídio e tantas outras práticas das quais o cristianismo curou o mundo ocidental. É ele que está por trás da militância pró-aborto, por exemplo.
Se o ser humano é apenas uma construção social, então não importa que ele tenha vida desde a concepção se a sociedade não julgar que isso é determinante para lhe garantir algum direito à vida. Não importa sequer que ele tenha vida se a sociedade achar que isso não é importante… Nada é mais determinante, natural, “humano”.
Vivemos o fim da época das luzes, quando acreditando que somente a razão bastava para tudo, o homem aniquilou a própria razão… Serão dias difíceis, é claro. E a Igreja e as religiões institucionalizadas não são bem-vindas porque representam um obstáculo a essas novas ideias de desumanização “elegante” do homem.
Aprovar a união civil de pessoas do mesmo sexo não é algo inofensivo, como se vê. É uma revolução cultural, uma ameaça ao conceito de família, uma ameaça à própria natureza humana. Mas quem poderá compreender isso quando, sabidamente, os promotores dessa revolução reduzem tudo à questão da afetividade como se o amor tivesse por missão nos desumanizar?
A preocupação da CNBB não vai mudar a decisão do STF neste momento. Mas serve como força moral para iluminar aqueles que ao se defrontarem com o mal possam, com segurança, recusar-lhe a chamá-lo bem.
Wagner Moura é autor do blog O possível e o extraodinário, e foi um dos três brasileiros que participaram no Vatican Blog Meeting, convocado e realizado pela Santa Sé no 2 de maio passado.
Florianópolis, 11 de maio de 2011.
Florianópolis, 11 de maio de 2011.